URBANIZAÇÃO

Divisão do trabalho: O desenvolvimento do capitalismo e a industrialização acarretaram uma divisão do trabalho entre a cidade e o campo. O meio rural fornece à cidade alimentos e matérias-primas para suas indústrias e recebe dela os produtos manufaturados e os serviços urbanos (bancário, administrativo, comercial, escolar, religioso, médico-hospitalar, etc)

O processo de urbanização
   Desde meados do século XVIII, vem ocorrendo um contínuo crescimento do meio urbano à custa do meio rural, isto é, grande quantidade de pessoas transfere-se do campo para as cidades. São as migrações rural-urbanas, conhecidas nos países subdesenvolvidos como êxodo rural. Nestes últimos países, os periféricos ou subdesenvolvidos, essas migrações somente se aceleraram no século XX, principalmente na sua segunda metade.
Esse processo tem como consequência a urbanização, que foi mais intensa no Primeiro Mundo, pelo menos até meados do século XX, e atualmente tem um ritmo de expansão bem maior nos países do Sul.

   No ano 2000, a população urbana ultrapassou a rural em termos mundiais pela primeira vez em toda a história da humanidade.


   A urbanização não consiste simplesmente no crescimento das cidades. Para que ocorra urbanização, é necessário que esse crescimento seja maior que o do campo, isto é, que a porcentagem da população urbana aumente em relação à população toral do país ou da região. Assim, pode ocorrer crescimento das cidades sem haver necessariamente urbanização, desde que a população rural cresça em proporção igual à urbana.

   O crescimento das cidades não tem limites e pode continuar indefinidamente. A urbanização, no entanto, tem limites: alguns países (aqueles cuja a população urbana ultrapassa aos 95% do total) já os atingiram.

Exemplo: Cingapura, existe crescimento (e modernização) urbano, mas não urbanização.










   A urbanização, na realidade, é um aspecto espacial ou territorial resultante de modificações sociais e econômicas. O primeiro processo de urbanização ocorreu há milhões de anos, com a chamada revolução neolítica, quando o homem aprendeu a domesticar animais e a cultivar plantas, criando também suas primeiras aldeias ou cidades. Todavia, até o advento da Revolução Industrial, a cidade sempre foi subordinada ao campo. Ela vivia do comércio e do excedente agrícola do campo, possuindo em geral uma pequena parcela da população total de cada sociedade.

A Revolução Industrial, momento essencial do desenvolvimento do capitalismo, alterou essa situação, acarretando profundas transformações espaciais:
  • a diferenciação campo-cidade se aprofunda, em razão do grande crescimento do meio urbano, que passa a comandar o meio rural;
  • a maioria da população de cada nação que se industrializa vai migrando do campo para a cidade, o que dá origem a imensa metrópoles;
  • as atividades urbanas, especialmente a industrial, provocam grandes alterações no campo com a mecanização, novos métodos de cultivo, menor necessidade de mão-de-obra, etc.


Rede urbana, Megalópoles e Cidades Globais

    A urbanização de uma sociedade origina em rede urbana, isto é, um sistema integrado de cidades que vai das pequenas ou locais às metrópoles ou cidades gigantescas. Como regra geral, para milhares de pequenas cidades, existem centenas de cidades médias e algumas poucas metrópoles.



   As cidades locais ou pequenas influenciam ou polarizam as aldeias, os povoados e as demais áreas rurais, vizinhas e, por sua vez, são polarizadas pelas cidades médias mais próximas. Mas todas elas sofrem a influência ou polarização das metrópoles, que comandam enormes regiões ou às vezes todo um espaço nacional e até internacional.

     Uma rede urbana, dessa forma, é um espaço hierarquizado a partir da influência (econômica, política, cultural) ou da polarização que uma (ou mais) metrópoles exerce sobre as demais e mesmo sobre o meio rural. E essa hierarquia ou relações de comando e de influência, prossegue das cidades médias para as menores, e assim por diante.

   Para existir uma verdadeira rede urbana, contudo, é necessária uma intensa urbanização com industrialização. Países ou áreas pouco urbanizados e industrializados possuem redes urbanas precárias e mal constituídas. As redes urbanas são típicas dos países desenvolvidos e, em geral, são raras ou imperfeitas nos países do Sul, salvo poucas exceções. Uma verdadeira rede urbana pressupõe não apenas uma grande número de cidades e de população urbana, mas também bons transportes e um intrincado sistema de fluxo (movimento) constante de mercadorias e de pessoas.

Conurbação e áreas metropolitanas
   Uma cidade cresce de forma vertical, mediante a construção de elevados edifícios ou, às vezes, de galerias e instalações subterrâneas. E cresce de forma horizontal, mediante a ocupação de novos espaços, a constante expansão de suas periferias.
   O crescimento horizontal de uma cidade com frequência ocasiona uma conurbação com outra (ou outras) cidade. Trata-se do “encontro” entre duas ou mais cidades, geralmente uma maior (metrópole) e outras menores. Na prática, elas ficam unidas, conurbadas, embora, pela origem e pela administração, constituam cidades diferentes.
   Existem centenas ou talvez milhares de exemplos de conurbação urbana espalhados por todo o mundo. Só para citar um caso brasileiro, podemos lembrar a Grande São Paulo, formada pela conurbação de São Paulo com Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, São Bernardo do Campo, Osasco, etc.
   Quando a conurbação dá origem a um imenso aglomerado urbano formado por vários cidades, cria-se uma área ou região metropolitana. É uma região, geralmente com mais de 1 milhão de habitantes, onde há várias cidades conurbadas e com inúmeros problemas ou necessidades em comum (transportes, poluição, moradia, eletricidade, asfaltamento de vias, águas encanada, esgotos, hospitais, creches ou escolas, etc). Essas cidades precisam de um administração centralizadas ou, o que é mais comum, da coordenação das várias políticas municipais. Como exemplos de áreas ou regiões metropolitanas podemos mencionar a Grande Rio de Janeiro, a Grande Belo Horizonte, a Grande Londres, etc.


Megalópoles e megacidades
   A urbanização da humanidade foi muito intensa nos países desenvolvidos, especialmente no século XX. Ela originou intrincadas redes urbanas, áreas superurbanizadas. Nessas áreas, de pequena extensão territorial, há inúmeras metrópoles e centenas de outras cidades.
Essas áreas ou regiões especiais, superurbanizadas, que geralmente concentram grande parcela da população do país, receberam o nome de megalópoles (mega, 'grande', 'múltiplo', e pólis, 'cidade'). Esses termos foi criado na década de 1960 pelo geógrafo Jean Gottmann, que inicialmente o aplicou ao nordeste dos Estados Unidos, de Boston a Washington, tendo Nova York como centro.


   Hoje temos: megalópoles localizada na Califórnia, parte ocidental do país, no eixo formado pelas cidades de Los Angeles e São Francisco.
   No Japão, existe aquela que é considerada a maior megalópole dos dias atuais, que vai de Tóquio a Kitakysushu, passando por Osaka. Ela concentra cerca de 80% da população e mais de 85% da atividade industrial desse país.  

Diferenças nos conceitos

   O conceito de megalópole NÃO significa conurbação ou junção física das cidades que a constituem. Em todas as megalópoles citadas (Nova York-Boston, Tóquio-Osaka) existem também inúmeras áreas agrícolas, especialmente os chamados “cinturões verdes” (hortifruticultura para o abastecimento urbano), de pecuária, principalmente leiteira, e de granjas.


    Outro conceito, criado recentemente pela ONU, é o de megacidade, que se refere aos aglomerados urbanos com mais de 10 milhões de habitantes. Existem atualmente (em 2005) cerca de 20 megacidades em 2015. O conceito de megacidade, portanto, é principalmente demográfico ou numérico. Não deve ser confundido com o conceito de megalópole, que é territorial (uma região superurbanizada, independentemente do número de habitantes da aglomeração urbana principal).


Cidades globais
   Outro conceito recente, ligado à urbanização e ao papel das cidades na vida moderna, é o de cidade global ou mundial. Ele surgiu nos anos 1980, com a ideia de globalização. É um conceito mais econômico, que procura mostrar a importância mundial de certas cidades, ou melhor, o seu papel no mercado global. Os principais exemplos dessas cidades, que exercem influência sobre toda a economia planetária, são Nova York, Tóquio e Londres.



 Essas cidades globais são os principais centros financeiros e bancários do globo. São também pólos mundiais de telemática, de serviços modernos e especializados (assessorias e pesquisas) e do controle administrativo das grandes empresas ou das organizações internacionais.


 Classificação das cidades globais
Primárias: as mais importantes, que influenciam todo o mundo
Secundárias: com influência mais regional, em termos de regiões do globo: América do Sul, Oceania, Leste Asiático, etc. Elas existem tanto nos países ou economias centrais quanto algumas economias semiperiféricas (México, Brasil, Coreia do Sul).


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